00:00:00
Vídeo e poesia: Das avós, Rosana Paulino
Vídeo e poesia: wa akhiran musiba, Maya Shurbaji
Vídeo e poesia: La vida en rojo, Julia Mensch
Vídeo e poesia: Europa Enterprise-0 (EE-0), Lala Rašcic
Vídeo e poesia: La libertad, Laura Huertas Millán
Vídeo e poesia: Teomama, Alicia Smith
Vídeo e poesia: A Torre, Salomé Lamas
Vídeo e poesia: 42.2ºN, 81.2ºW, José Carlos Teixeira
Um incerto porvir: A Torre, Salomé Lamas
Um incerto porvir: 42.2ºN, 81.2ºW, José Carlos Teixeira
Um incerto porvir: INDIGINATU, Welket Bungué
Um incerto porvir: Nada É, Yuri Firmeza
Um incerto porvir: aleph, João Cristóvão Leitão
Um incerto porvir: Panacea's Tongue, LealVeileby
Histórias descosturadas: Das avós, Rosana Paulino
Histórias descosturadas: wa akhiran musiba, Maya Shurbaji
Histórias descosturadas: La vida en rojo, Julia Mensch
Histórias descosturadas: Europa Enterprise-0 (EE-0), Lala Rašcic
Histórias descosturadas: La libertad, Laura Huertas Millán
Histórias descosturadas: Teomama, Alicia Smith
Legendas

Das avós
Rosana Paulino

2019
Vídeo
9’10”

wa akhiran musiba
Maya Shurbaji

2017
Vídeo
15’48”

La vida en rojo
Julia Mensch

2018
Vídeo
21’50”

Europa Enterprise-0 (EE-0)
Lala Rašcic

2018
Vídeo
36’23”

La libertad
Laura Huertas Millán

2016
Vídeo
29’52”

Teomama
Alicia Smith

2018
Vídeo
5’41”

A Torre
Salomé Lamas

2015
Vídeo
8’45”

42.2ºN, 81.2ºW
José Carlos Teixeira

2019
Vídeo
13’53”

A Torre
Salomé Lamas

2015
Vídeo
8’45”

42.2ºN, 81.2ºW
José Carlos Teixeira

2019
Vídeo
13’53”

INDIGINATU
Welket Bungué

2021
Vídeo
8’29”

Nada É
Yuri Firmeza

2014
Vídeo
33’06”

aleph
João Cristóvão Leitão

2019
Vídeo
13’35”

Panacea’s Tongue
LealVeileby

2021
Vídeo
20’23”

Das avós
Rosana Paulino

2019
Vídeo
9’10”

wa akhiran musiba
Maya Shurbaji

2017
Vídeo
15’48”

La vida en rojo
Julia Mensch

2018
Vídeo
21’50”

Europa Enterprise-0 (EE-0)
Lala Rašcic

2018
Vídeo
36’23”

La libertad
Laura Huertas Millán

2016
Vídeo
29’52”

Teomama
Alicia Smith

2018
Vídeo
5’41”

Lorem ipsum dolor sit amet. Ut sequi asperiores est rerum atque id necessitatibus fugiat et vero accusamus. Et blanditiis error et dicta molestiae sit quia iusto est galisum laudantium. Ut facilis suscipit qui voluptas commodi sed deserunt reiciendis sit totam nulla et eius nulla. Aut facere culpa id deserunt ipsum aut incidunt modi et incidunt veniam sit neque corporis ab deleniti commodi 33 galisum corrupti. Ad corporis illo non quae iure eum labore cupiditate vel libero fuga ut quidem ipsa qui ipsum voluptate. Qui voluptatum reprehenderit cum distinctio alias qui necessitatibus quis. Et exercitationem sunt et officiis consequatur eos impedit voluptatem rem error iure id eligendi consequatur aut voluptatem culpa.

Et autem quia et quae praesentium quo dolores explicabo. Qui voluptas veritatis est veniam sunt non nihil enim aut dolorum nihil et quia voluptatem id quibusdam itaque aut asperiores nobis. Ut veniam dolores quo voluptatem impedit et magnam deleniti eum quisquam velit qui doloremque blanditiis. Vel dolor veritatis ut earum galisum aut maxime aliquam aut voluptates internos At architecto sint qui itaque dicta sit voluptas nesciunt. Qui necessitatibus impedit nam exercitationem beatae sed maxime exercitationem ex distinctio saepe qui sunt dolor ut laudantium dolor eum aperiam temporibus. Ut quod esse ut vero aperiam quo repellat atque et quia incidunt et eveniet eius. Aut saepe quia ut magni dolorum et natus voluptas. Sit molestias quisquam ex rerum iure ut ipsa repudiandae est architecto explicabo vel omnis minus. Id nesciunt dicta non iusto doloribus hic modi quos est delectus deserunt qui dolore quaerat est ducimus dolor in quia quasi.

Sed quam sapiente aut molestiae voluptas aut magnam omnis et quidem enim ut quasi voluptates. Eum quisquam molestiae quo consectetur facilis eum adipisci voluptatem! Qui iusto corrupti non sequi incidunt ut architecto libero est mollitia nihil ad ullam aliquid qui cupiditate quod eum eaque temporibus? Est architecto eveniet sit galisum quas et debitis nisi vel tempore impedit non consequatur galisum. Eum facilis excepturi et suscipit animi vel nihil beatae.

ROSANA PAULINO
Das avós, 2018

Vídeo, 9’10”

O vínculo entre o trabalho de Rosana Paulino e sua condição de mulher negra em um país forjado pela escravidão é crucial para entender sua produção. Nessa instalação, criada especialmente para a Bienal SESC_Videobrasil, fotografias de mulheres negras (escravizadas ou libertas) do Brasil colonial são acompanhadas por performances em que uma jovem tenta fazer contato com as representantes da ancestralidade. Paulino alinhava essas personagens a sua própria história de vida, buscando reconstruir laços perdidos através do resgate simbólico de inúmeras memórias usurpadas – imagens fantasma que nunca cessam de nos assombrar, exigindo inclusão em uma história do Brasil ainda só parcialmente contada.

Acervo Histórico Videobrasil


ROSANA PAULINO
(Brasil, 1967)

Artista conhecida pela pesquisa ligada a questões sociais, étnicas e de gênero, seus trabalhos têm como foco principal a posição da mulher negra na sociedade brasileira e os diversos tipos de violência sofridos por essa população, em decorrência do racismo e das marcas deixadas pela escravidão. Também é pesquisadora e educadora, com doutoramento em artes visuais pela Universidade de São Paulo. Especializada em gravura pelo London Print Studio, foi bolsista da Fundação Ford e da Capes.

MAYA SHURBAJI
wa akhiran musiba, 2017

vídeo, 15’48”

Episódios aparentemente sem nexo constroem a narrativa pessoal e, até certo ponto, intransferível dessa história, na qual a tragédia é mais sombra do que fato. Entre brumas urbanas, ângulos incomuns de espaços internos, velhos filmes de infância e conversas por mensagens de texto, um trauma fica implícito. Entre roupas sem uso, corpos desfocados, guerras, interlocutores ausentes e animais indiferentes, o título do vídeo sugere o estranho alívio que a artista experimenta ao desenvolver esse ensaio poético sobre o trauma: Enfim, uma tragédia.

Acervo Histórico Videobrasil


MAYA SHURBAJI
(Síria, 1979)

Produtora, cineasta, roteirista e curadora, Maya Shurbaji explora o aspecto político da narrativa em primeira pessoa, conforme sua voz se mistura à voz da consciência coletiva em seus filmes. Seu filme At last, a tragedy estreou no 68º Festival de Berlim, em 2018. Mestra em gestão cultural pela Universidade Aberta da Catalunha (Espanha), é produtora na Bidayyat for Audiovisual Arts, organização com sede em Beirute, fundada em 2013 para incentivar a produção audiovisual árabe. Foi curadora de diversos festivais de cinema, como o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Uppsala (Suécia).

JULIA MENSCH
La vida en rojo, 2018

Vídeo, 21’50”

Como se estivesse projetando imagens de uma viagem, a artista revisita lembranças de três gerações de sua família, marcada pela participação ativa no partido comunista argentino. A voz em off contextualiza e questiona imagens da casa de seus avós, slides da viagem do avô ao bloco soviético nos anos 1970, cartas e fotografias. Mais do que uma coleção de objetos pessoais ou uma histórias de argentinos que permaneceram no século 20, o filme se revela um ensaio sobre o lugar da utopia em face dos fatos, das urgências políticas e das interações afetivas entre as pessoas.

Acervo Histórico Videobrasil


JULIA MENSCH
(Argentina, 1980)

Artista visual, trabalha na interseção entre texto, instalação, eventos públicos, fotografia, vídeo e palestras, investigando repercussões pessoais de temas históricos e coletivos, como a utopia comunista, o voto feminino e o modo de produção agroindustrial. Ao lado de artistas de várias nacionalidades, Integra o coletivo Palatti, que desenvolve projetos e ocupações ao redor do mundo.

LAURA HUERTAS MILLÁN
La libertad, 2016
Vídeo, 29’52”

O filme é uma “grega”, uma curva, sem começo nem fim; costura fragmentos da vida diária das Navarro, que contam fios e o tempo, se perguntam sobre e perambulam em torno de palavras como emancipação, trabalho e liberdade. A “grega”, a curva, é o principal símbolo inscrito nos têxteis feitos pelas irmãs Navarro, de Santo Tomás Jalieza, no México. Forma geométrica de uma trança de diamantes infinita, a “grega” representa o milho, entidade adorada pelas civilizações pré-hispânicas da América Central. Simboliza o sustento, mas também o poder feminino de produzir abundância e fertilidade. Tecidos estampados com esses motivos contínuos podem ser lidos como uma invocação à vida e ao crescimento.
Animais, objetos e espaços são representados nos panos das Navarro. Seus tecidos são feitos em tear, técnica pré-hispânica preservada pelas mulheres indígenas por séculos. Com seus têxteis, as mulheres construíram partes de uma história paralela dos cruzamentos culturais, da “mestiçagem”, do colonialismo e da modernidade no México. Ecoando a política e a ética representadas nos objetos que tecem, as Navarro construíram um micro-sociedade familiar e ecológica, que anseia por independência.

Acervo KADIST


LAURA HUERTAS MILLÁN
(Colômbia, 1983)

Seus filmes e obras de cinema expandido olham para a estética e a política através de uma diversidade de narrativas e formatos. Em 2009, iniciou uma série de trabalhos sobre a ideia de exotismo, inspirados nos registros pungentes dos zoológicos humanos franceses do começo do século 20, a antropofagia cultural (como definida por Oswald de Andrade em 1928) e relatos de viajantes à América. Os filmes constroem uma dialética entre etnografia e colonialismo, propondo narrativas híbridas e sem hierarquia, entre ficção científica, surrealismo, fantasia e documentário. Desde 2012, desenvolve uma pesquisa prática de doutorado em cinema em torno de “ficções etnográficas”.

ALICIA SMITH
Teomama, 2018

Vídeo, 5’41”

Na língua asteca nahuatl, teomama significa aquele que carrega deus. Era o nome dado aos xamãs que carregavam os ossos de Huitzilopochtl, deus da guerra, do sol e do sacrifício humano no México antigo, e divindade nacional dos astecas. Das muitas lendas que protagoniza, a história da origem de Tenochtitlan (atual Cidade do México) é das mais conhecidas. Conta-se que Huitzilopochtl instruiu os astecas a abandonar suas terras em Aztlán e procurar um novo lugar para se estabelecer. Por 200 anos, os teomamas carregaram os ossos pelo Anahuac (bacia hidrográfica que constituía o centro original do México), procurando um sinal de que haviam chegado à nova casa. Finalmente o viram ao atingir o lago Texcoco: uma águia devorava uma cobra entre os espinhos de um figo-da-índia, marcando o lugar onde seria seguro construir sua cidade. Símbolo da união entre o céu e a terra, hoje a imagem pode ser vista no brasão da bandeira mexicana.
No trabalho, a artista atua tanto como teomama quanto como Tenochtitlan. Está imersa até a cintura em um lago tranquilo, o torso debruçado sobre a água parada, cabelo e roupa sumindo no próprio reflexo. O longo vestido branco é preso na cintura com um cinto similar aos dos sacerdotes astecas, e seu corpo encurvado lembra a ilha de Tenochtitlan: ela é terra, um prato de oferenda, e carrega Deus nas costas. Sua postura é de abjeção, há muito entendida por seus ancestrais como ferramenta para acessar o sublime.

Acervo KADIST


ALICIA SMITH
(EUA, 1962)

Artista e ativista Chicana, seu trabalho explora o abjeto e o sublime para investigar ideias relacionadas à tensão entre ganância e reverência e seu impacto ambiental, além de nossa relação com o corpo feminino. Recorrendo a vídeo, performance, gravura e escultura, busca dissolver símbolos romantizados que negam à mulher indígena suas complexidades, ao mesmo tempo em que expõem sua beleza e força. Define sua prática artística como uma forma de analisar a complicada relação entre sua herança mestiça, a terra e seu corpo, que retrata com poderosas imagens visuais.

SALOMÉ LAMAS
A Torre, 2015
Vídeo, 8’45”
Com a colaboração de Christoph Both-Asmus

Aventurando-se na fronteira entre a Terra e o céu, um homem sobe ao topo de uma árvore e tenta metamorfosear-se nela, não se sabe se por ingenuidade, iluminação mística ou desejo de morte. A natureza resiste – ao episódio e à espécie humana.


Salomé Lamas
é uma realizadora portuguesa de cinema que trabalha no limite das artes visuais. Estudou cinema em Lisboa e Praga, e artes visuais em Amsterdã e Coimbra. Seus filmes, como Terra de ninguém (2012) e Coup de Grâce (2017), são marcados pelo desejo de desafiar as narrativas hegemônicas, e foram vistos em festivais e museus na Europa e na América.

JOSÉ CARLOS TEIXEIRA
42.2ºN, 81.2ºW, 2019
Vídeo, 13’53”
Em colaboração com Sarah FitzSimons

O artista conversa com Sarah FitzSimons sobre a particularidade de crescer e viver perto de grandes massas de água. As palavras se fundem à imagem do Lake Erie, na região dos Grandes Lagos, entre Estados Unidos e Canadá, localizado nas coordenadas do título. Uma meditação sobre lugar, memória, identidade, pertença e nossa relação com o mundo natural. Carregada de significado emocional, intelectual e psicológico, a água é, aqui, tanto realidade física essencial quanto metáfora do inconsciente.


José Carlos Teixeira é um artista visual, cineasta e pesquisador português. Sua prática situa-se entre o cinema e a antropologia. Usa dispositivos performáticos ou colaborativos para explorar questões de identidade, limites, exílio e deslocamento em vídeo-ensaios, documentários e instalações. Expôs no Centro de Arte Hélio Oiticica (RJ) e na Fundação Gulbenkian (Lisboa).

SALOMÉ LAMAS
A Torre, 2015
Vídeo, 8’45”
Com a colaboração de Christoph Both-Asmus

Aventurando-se na fronteira entre a Terra e o céu, um homem sobe ao topo de uma árvore e tenta metamorfosear-se nela, não se sabe se por ingenuidade, iluminação mística ou desejo de morte. A natureza resiste – ao episódio e à espécie humana.


Salomé Lamas
é uma realizadora portuguesa de cinema que trabalha no limite das artes visuais. Estudou cinema em Lisboa e Praga, e artes visuais em Amsterdã e Coimbra. Seus filmes, como Terra de ninguém (2012) e Coup de Grâce (2017), são marcados pelo desejo de desafiar as narrativas hegemônicas, e foram vistos em festivais e museus na Europa e na América.

JOSÉ CARLOS TEIXEIRA
42.2ºN, 81.2ºW, 2019
Vídeo, 13’53”
Em colaboração com Sarah FitzSimons

O artista conversa com Sarah FitzSimons sobre a particularidade de crescer e viver perto de grandes massas de água. As palavras se fundem à imagem do Lake Erie, na região dos Grandes Lagos, entre Estados Unidos e Canadá, localizado nas coordenadas do título. Uma meditação sobre lugar, memória, identidade, pertença e nossa relação com o mundo natural. Carregada de significado emocional, intelectual e psicológico, a água é, aqui, tanto realidade física essencial quanto metáfora do inconsciente.


José Carlos Teixeira é um artista visual, cineasta e pesquisador português. Sua prática situa-se entre o cinema e a antropologia. Usa dispositivos performáticos ou colaborativos para explorar questões de identidade, limites, exílio e deslocamento em vídeo-ensaios, documentários e instalações. Expôs no Centro de Arte Hélio Oiticica (RJ) e na Fundação Gulbenkian (Lisboa).

WELKET BUNGUÉ
INDIGINATU, 2021

Vídeo, 8’29”

Nessa meditação imersiva, imagina-se um mundo futuro que, liberto da humanidade e de seu legado – guerra, escravidão, língua, imperialismo, fome –, se reequilibra e segue em frente. O artista pergunta: quando o homem deixou de ser natureza?


Welket Bungué é ator, diretor e artista transdisciplinar de etnia balanta, nascido na Guiné-Bissau. Trabalha com texto, cinema, performance e teatro. Realizou os curtas Mudança (2021), Eu não sou Pilatus (2019) e Arriaga (2019), exibidos em festivais como Berlinale, Africlap (França) e DocLisboa.  Trabalha no ensaio auto-biográfico Corpo periférico.

YURI FIRMEZA
Nada É, 2014
Vídeo, 33’06”

A vila de Alcântara foi a primeira capital do Maranhão, abrigou barões da cana-de-açúcar e do algodão no século 18, e caiu no ostracismo absoluto até tornar-se centro de lançamento de foguetes da Força Aérea Brasileira em 1990. O filme explora restos e representações de projetos nacionais de diferentes épocas, combinando fantasias de um passado de opulência e de um futuro interespacial a um presente de ruínas.


Yuri Firmeza é um artista brasileiro. Explorando o limite entre ficção, real e possível, seus vídeos e performances questionam as relações de poder no circuito da arte e na sociedade. Formado em artes visuais e mestre em poéticas visuais, é doutorando em arte multimídia na Universidade de Lisboa. Participou da 31ª Bienal de São Paulo e da 11ª Bienal do Mercosul.

JOÃO CRISTÓVÃO LEITÃO
aleph, 2019

Vídeo, 13’35”

A obra parte da hipótese inverossímil de que seria possível conhecer a incomensurabilidade e a infinitude da realidade. Alguns paradoxos espaço-temporais do universo literário e filosófico de Jorge Luís Borges são transpostos e reinventados em uma narrativa sonora na qual relatos oníricos se (con)fundem: sonhos dos quais não se consegue acordar, paredes que são portais, montanhas que são céus, instantes que contêm todos os instantes, espelhos pelos quais é possível entrar e sair.


João Cristóvão Leitão
é um artista português. Formado em teatro e mestre em arte e curadoria, suas instalações e projetos de videoarte investigam questões relacionadas ao cinema expandido e temas do universo literário e filosófico do escritor argentino Jorge Luis Borges. Expôs em diversos países e foi premiado em festivais europeus como Videoformes e FUSO.

LEALVEILEBY
Panacea’s Tongue, 2021
Vídeo, 20’23”

A voz de uma inteligência artificial que reencarna Panaceia, a deusa da cura universal da mitologia grega, nos fala dos avanços e das limitações da civilização humana, e de um potencial futuro no qual um material feito exclusivamente de luz abre possibilidades inimagináveis, com implicações imprevistas. Uma montagem visual na qual ciência e ficção estão em conflito, mas inseparavelmente emaranhadas à narrativa humana.


LealVeileby é uma dupla luso-sueca formada pelos artistas António Leal e Jesper Veileby. Com uma prática que entrelaça narrativa, vida cotidiana e especulação científica, usam vídeo, instalação, objetos, texto, projetos online e arte sonora para investigar a percepção da realidade pela ótica da ciência, da magia e da linguagem. Participam de mostras e festivais na Europa.

ROSANA PAULINO
Das avós, 2018

Vídeo, 9’10”

O vínculo entre o trabalho de Rosana Paulino e sua condição de mulher negra em um país forjado pela escravidão é crucial para entender sua produção. Nessa instalação, criada especialmente para a Bienal SESC_Videobrasil, fotografias de mulheres negras (escravizadas ou libertas) do Brasil colonial são acompanhadas por performances em que uma jovem tenta fazer contato com as representantes da ancestralidade. Paulino alinhava essas personagens a sua própria história de vida, buscando reconstruir laços perdidos através do resgate simbólico de inúmeras memórias usurpadas – imagens fantasma que nunca cessam de nos assombrar, exigindo inclusão em uma história do Brasil ainda só parcialmente contada.

Acervo Histórico Videobrasil


ROSANA PAULINO
(Brasil, 1967)

Artista conhecida pela pesquisa ligada a questões sociais, étnicas e de gênero, seus trabalhos têm como foco principal a posição da mulher negra na sociedade brasileira e os diversos tipos de violência sofridos por essa população, em decorrência do racismo e das marcas deixadas pela escravidão. Também é pesquisadora e educadora, com doutoramento em artes visuais pela Universidade de São Paulo. Especializada em gravura pelo London Print Studio, foi bolsista da Fundação Ford e da Capes.

MAYA SHURBAJI
wa akhiran musiba, 2017

vídeo, 15’48”

Episódios aparentemente sem nexo constroem a narrativa pessoal e, até certo ponto, intransferível dessa história, na qual a tragédia é mais sombra do que fato. Entre brumas urbanas, ângulos incomuns de espaços internos, velhos filmes de infância e conversas por mensagens de texto, um trauma fica implícito. Entre roupas sem uso, corpos desfocados, guerras, interlocutores ausentes e animais indiferentes, o título do vídeo sugere o estranho alívio que a artista experimenta ao desenvolver esse ensaio poético sobre o trauma: Enfim, uma tragédia.

Acervo Histórico Videobrasil


MAYA SHURBAJI
(Síria, 1979)

Produtora, cineasta, roteirista e curadora, Maya Shurbaji explora o aspecto político da narrativa em primeira pessoa, conforme sua voz se mistura à voz da consciência coletiva em seus filmes. Seu filme At last, a tragedy estreou no 68º Festival de Berlim, em 2018. Mestra em gestão cultural pela Universidade Aberta da Catalunha (Espanha), é produtora na Bidayyat for Audiovisual Arts, organização com sede em Beirute, fundada em 2013 para incentivar a produção audiovisual árabe. Foi curadora de diversos festivais de cinema, como o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Uppsala (Suécia).

JULIA MENSCH
La vida en rojo, 2018

Vídeo, 21’50”

Como se estivesse projetando imagens de uma viagem, a artista revisita lembranças de três gerações de sua família, marcada pela participação ativa no partido comunista argentino. A voz em off contextualiza e questiona imagens da casa de seus avós, slides da viagem do avô ao bloco soviético nos anos 1970, cartas e fotografias. Mais do que uma coleção de objetos pessoais ou uma histórias de argentinos que permaneceram no século 20, o filme se revela um ensaio sobre o lugar da utopia em face dos fatos, das urgências políticas e das interações afetivas entre as pessoas.

Acervo Histórico Videobrasil


JULIA MENSCH
(Argentina, 1980)

Artista visual, trabalha na interseção entre texto, instalação, eventos públicos, fotografia, vídeo e palestras, investigando repercussões pessoais de temas históricos e coletivos, como a utopia comunista, o voto feminino e o modo de produção agroindustrial. Ao lado de artistas de várias nacionalidades, Integra o coletivo Palatti, que desenvolve projetos e ocupações ao redor do mundo.

LALA RAŠCIC
Europa Enterprise-0 (EE-0), 2018
Vídeo, 36’23”

Na mitologia grega, Aracne era uma mortal talentosa que desafiou Atena, deusa da sabedoria e do artesanato, a uma competição de tapeçaria – aventura da qual sairia transformada em aranha. EE-0 é o primeiro episódio do projeto Europa Enterprise, que busca leituras novas e feministas de mitos eurocêntricos, reconsiderando o significado do patrimônio cultural e da construção de artefatos para o futuro.
Em EE-0, o mito grego de Aracne é recontextualizado em um roteiro poético, num salto imaginativo da Antiguidade para a ficção científica. Narrativas da mitologia clássica são invertidas, subvertidas e combinadas com episódios anedóticos encontrados em pesquisa de campo em Prizren, Kosovo – o mais novo Estado-nação da Europa – e arredores. A ideia de uma antiga sabedoria feminina reprimida é examinada através de narrativas envolvendo mitos urbanos e usos locais, além de fenômenos sociológicos, ecológicos e culturais atuais. É o que a artista define como “uma homenagem à resistência milenar ao patriarcado (…) dando voz à transformação das raízes europeias das representações sociais tóxicas e dos castigos impostos às mulheres”.
Europa Enterprise-0 foi comissionado pelo KADIST e a Fundação Lumbardhi (Kosovo), como parte do projeto de três anos Not Fully Human, Not Human at All, curado por Nataša Petrešin-Bachelez.

Acervo KADIST


LALA RAŠCIC
(Bósnia, 1977)

Em projetos que tomam a forma de vídeos, artefatos, instalações, desenhos e performances, a artista parte do interesse nas várias formas de interpretar um texto, abrangendo práticas narrativas ancestrais e contemporâneas, história oral e monólogos. Inspirada na estética das velhas peças radiofônicas, com frequência interpreta papéis múltiplos e joga com temporalidades e realidades diversas. Preside o conselho do coletivo Crvena, de artistas, produtores e teóricos que trabalham com arte, cultura, feminismo, educação, ecologia, igualdade de gêneros e direitos humanos nos países da antiga Iugoslávia.

LAURA HUERTAS MILLÁN
La libertad, 2016
Vídeo, 29’52”

O filme é uma “grega”, uma curva, sem começo nem fim; costura fragmentos da vida diária das Navarro, que contam fios e o tempo, se perguntam sobre e perambulam em torno de palavras como emancipação, trabalho e liberdade. A “grega”, a curva, é o principal símbolo inscrito nos têxteis feitos pelas irmãs Navarro, de Santo Tomás Jalieza, no México. Forma geométrica de uma trança de diamantes infinita, a “grega” representa o milho, entidade adorada pelas civilizações pré-hispânicas da América Central. Simboliza o sustento, mas também o poder feminino de produzir abundância e fertilidade. Tecidos estampados com esses motivos contínuos podem ser lidos como uma invocação à vida e ao crescimento.
Animais, objetos e espaços são representados nos panos das Navarro. Seus tecidos são feitos em tear, técnica pré-hispânica preservada pelas mulheres indígenas por séculos. Com seus têxteis, as mulheres construíram partes de uma história paralela dos cruzamentos culturais, da “mestiçagem”, do colonialismo e da modernidade no México. Ecoando a política e a ética representadas nos objetos que tecem, as Navarro construíram um micro-sociedade familiar e ecológica, que anseia por independência.

Acervo KADIST


LAURA HUERTAS MILLÁN
(Colômbia, 1983)

Seus filmes e obras de cinema expandido olham para a estética e a política através de uma diversidade de narrativas e formatos. Em 2009, iniciou uma série de trabalhos sobre a ideia de exotismo, inspirados nos registros pungentes dos zoológicos humanos franceses do começo do século 20, a antropofagia cultural (como definida por Oswald de Andrade em 1928) e relatos de viajantes à América. Os filmes constroem uma dialética entre etnografia e colonialismo, propondo narrativas híbridas e sem hierarquia, entre ficção científica, surrealismo, fantasia e documentário. Desde 2012, desenvolve uma pesquisa prática de doutorado em cinema em torno de “ficções etnográficas”.

ALICIA SMITH
Teomama, 2018

Vídeo, 5’41”

Na língua asteca nahuatl, teomama significa aquele que carrega deus. Era o nome dado aos xamãs que carregavam os ossos de Huitzilopochtl, deus da guerra, do sol e do sacrifício humano no México antigo, e divindade nacional dos astecas. Das muitas lendas que protagoniza, a história da origem de Tenochtitlan (atual Cidade do México) é das mais conhecidas. Conta-se que Huitzilopochtl instruiu os astecas a abandonar suas terras em Aztlán e procurar um novo lugar para se estabelecer. Por 200 anos, os teomamas carregaram os ossos pelo Anahuac (bacia hidrográfica que constituía o centro original do México), procurando um sinal de que haviam chegado à nova casa. Finalmente o viram ao atingir o lago Texcoco: uma águia devorava uma cobra entre os espinhos de um figo-da-índia, marcando o lugar onde seria seguro construir sua cidade. Símbolo da união entre o céu e a terra, hoje a imagem pode ser vista no brasão da bandeira mexicana.
No trabalho, a artista atua tanto como teomama quanto como Tenochtitlan. Está imersa até a cintura em um lago tranquilo, o torso debruçado sobre a água parada, cabelo e roupa sumindo no próprio reflexo. O longo vestido branco é preso na cintura com um cinto similar aos dos sacerdotes astecas, e seu corpo encurvado lembra a ilha de Tenochtitlan: ela é terra, um prato de oferenda, e carrega Deus nas costas. Sua postura é de abjeção, há muito entendida por seus ancestrais como ferramenta para acessar o sublime.

Acervo KADIST


ALICIA SMITH
(EUA, 1962)

Artista e ativista Chicana, seu trabalho explora o abjeto e o sublime para investigar ideias relacionadas à tensão entre ganância e reverência e seu impacto ambiental, além de nossa relação com o corpo feminino. Recorrendo a vídeo, performance, gravura e escultura, busca dissolver símbolos romantizados que negam à mulher indígena suas complexidades, ao mesmo tempo em que expõem sua beleza e força. Define sua prática artística como uma forma de analisar a complicada relação entre sua herança mestiça, a terra e seu corpo, que retrata com poderosas imagens visuais.