00:00:00
Rosângela | Método básico de assovio gomero-tupi, Rosângela Rennó
Método básico de assovio gomero-tupi
Texto Método básico de assovio gomero-tupi
Entrevista Rosângela Rennó
Legendas

Método básico de assovio gomero-tupi

2014-2016
Vídeo
53’27

teste

Método básico de assovio gomero-tupi

2014-2016
Vídeo
53’27
Leia mais

Método básico de assovio gomero-tupi

2014-2016
Vídeo
53’27

Método básico de assovio gomero-tupi

2014-2016
Vídeo
53’27

Rosângela Rennó
Belo Horizonte MG, Brasil, 1962

É artista visual. Formada em arquitetura pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 1986), e em artes plásticas pela Escola Guignard (1987), é Doutora em artes pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP, 1997). Uma das primeiras artistas brasileiras a deslocar a fotografia do campo bidimensional para o território da instalação artística, Rennó aborda questões acerca da natureza da imagem, seu valor simbólico e seu processo de despersonalização. Em suas fotografias, objetos, vídeos e instalações, apropria-se e traz visibilidade a um repertório anônimo de fotografias e negativos encontrados em feiras de antiguidade, álbuns de família, jornais e arquivos. Participou das Bienais de Johannesburgo (1997), São Paulo (1994, 1998 e 2010), Berlim (2001), Istambul (2011) e Veneza (1993 e 2003); além de mostras como América Latina 1960–2013, na Fondation Cartier (Paris, 2014); Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil, no Wexner Center for the Arts (Ohio, 2014), Chosen Memories, Contemporary Latin American Art, no Museum of Modern Art New York (EUA, 2023). Entre suas últimas mostras individuais constam Sur les ruines de la Photographie, em Les Recontres de la Photographie (Arles, 2023) e Pequena Ecologia da Imagem, na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2021). Nasceu em Minas Gerais e reside no Rio de Janeiro.

Método básico de assovio gomero-tupi

(2014-2016, Vídeo, 53’27)

Muito pouco se sabe sobre as etnias que outrora viveram nas sete Ilhas Canárias, sobretudo suas respectivas culturas e línguas, antes da sua posse pelos espanhóis no século 14. Restou pouco mais do que uma coleção de nomes próprios de guerreiros escravizados, alguns relatos sobre feitos heróicos e sobre linhagens de nobreza, e alguns milhares de crânios guanches expostos nas vitrines do antigo museu de antropologia que, hoje, mais do que nunca, serve para demonstrar a mão pesada do conquistador. Entretanto, o mais improvável aconteceu, superando todas as adversidades; uma única língua, cuja transmissão é estritamente oral, não só resistiu ao invasor mas também se adaptou a ele: o silbo gomero – linguagem assobiada, hoje empregada apenas pelos habitantes de La Gomera e considerada patrimônio oral e imaterial da humanidade.

Um homem nascido na ilha de Tenerife, obviamente de origem espanhola, cruzou o oceano com os jesuítas portugueses para tornar-se sábio e santo no Brasil: José de Anchieta. Ao contrário de seus compatriotas, o santo aprendeu a respeitar os aborígenes e, aplicando os fundamentos da enculturação, terminou por escrever a Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil. Sua intenção sempre foi a de catequizar os tupis, mas terminou por fazer muito mais, já que os defendeu dos abusos dos colonizadores portugueses. Durante os meses em que foi mantido refém entre os Tamoios, o santo concebeu o Poema à Virgem mas não pode transcrevê-lo imediatamente por falta de meios. Podia então ser visto na praia escrevendo e reescrevendo na areia os mais de 5.000 versos do poema. Consta, também, que teria levitado entre os índios que, apavorados, pensaram que o santo era um feiticeiro. Teria sido um transe? O tupi antigo foi salvo por ações singulares de indivíduos como Anchieta e sua derivação nheengatu – língua boa – ainda hoje falada como uma espécie de língua geral amazônica. E se naquele transe o santo tivesse ouvido o silbo gomero de sua terra natal e tratasse de ensiná-lo aos tupis?

Rosângela Rennó, 2016

Método básico de assovio gomero-tupi

2014-2016
Vídeo
53’27

Método básico de assovio gomero-tupi

2014-2016
Vídeo
53’27

Texto sobre a parceria