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Um incerto porvir: A Torre, Salomé Lamas
Um incerto porvir: 42.2ºN, 81.2ºW, José Carlos Teixeira
Um incerto porvir: INDIGINATU, Welket Bungué
Um incerto porvir: Nada É, Yuri Firmeza
Um incerto porvir: aleph, João Cristóvão Leitão
Um incerto porvir: Panacea's Tongue, LealVeileby
Legendas

A Torre
Salomé Lamas

2015
Vídeo
8’45”

42.2ºN, 81.2ºW
José Carlos Teixeira

2019
Vídeo
13’53”

INDIGINATU
Welket Bungué

2021
Vídeo
8’29”

Nada É
Yuri Firmeza

2014
Vídeo
33’06”

aleph
João Cristóvão Leitão

2019
Vídeo
13’35”

Panacea’s Tongue
LealVeileby

2021
Vídeo
20’23”

UM INCERTO PORVIR

Ao emergir de uma pandemia para um cenário de guerra e autoritarismos, e ver-se diante de uma perspectiva não menos distópica de futuro próximo, do que falam, e como falam, os artistas lusófonos que trabalham na confluência das linguagens visuais, performáticas e do cinema?

Na exposição Um incerto porvir, o FUSO – Festival Internacional de Videoarte de Lisboa e a plataforma Videobrasil Online reúnem trabalhos recentes de artistas portugueses – e estrangeiros radicados em Portugal – que refletem suas preocupações sobre o futuro incerto do mundo.

Premiados em diversas edições do FUSO, esses artistas compõem um potente panorama da cena artística lusófona, explorando questões transversais à arte contemporânea, como as relações entre humano e ambiente, memória e lugar de pertencimento, ficção e realidade. Transitando por caminhos diversos, desenvolvem investigações transdisciplinares que contribuem para alargar as discussões sobre os cruzamentos entre as práticas artísticas contemporâneas e outras áreas, e oferecem perspectivas diversas sobre o nó do nosso presente.

Uma das artistas mais proeminentes de Portugal, Salomé Lamas explora os limites do cinema documental, trabalhando na intersecção da etnografia, história, narrativa, memória e ficção. Com uma prática socialmente engajada, investigativa e experimental, José Carlos Teixeira usa vídeo, instalação, texto e fotografia para gerar encontros e repensar a política da representação.

Ator, diretor, performer, escritor, Welket Bungué cria obras de grande impacto, entre o registro, o manifesto, a ficção, o ensaio e a poesia visual. Usando sua trajetória geográfica e pessoal, amplifica o corpo performático e revisita uma noção de identidade (neo)colonial. Crítico e irônico, Yuri Firmeza cria imagens insólitas para questionar as relações de poder na arte e no mundo.

João Cristóvão Leitão investiga a noção de tempo, sobretudo a partir do universo de Jorge Luís Borges. Utilizando vídeo, objetos e instalação, a dupla LealVeileby celebra o humor e o absurdo em uma prática artística que explora os territórios da ciência, da língua e do oculto.

Combinando linguagens para ecoar as incertezas do presente e desenhar uma espécie de futurismo ecológico, esses artistas atestam a força da produção lusófona e de sua matriz transdisciplinar. Também comprovam a importância de dispositivos que, como o Videobrasil e o FUSO, foram criados para identificar e acolher a produção que desponta em ambientes sem circuito de interlocução e fomento. O exercício continuado de dar visibilidade ao que é potente vale a pena.

 

Rachel Korman
Coordenação curatorial

Jean-François Chougnet
Direção artística

António Câmara
Direção

FUSO – Anual de Videoarte Internacional de Lisboa

 

Solange Farkas
Curadora e diretora

Associação Cultural Videobrasil

SALOMÉ LAMAS
A Torre, 2015
Vídeo, 8’45”
Com a colaboração de Christoph Both-Asmus

Aventurando-se na fronteira entre a Terra e o céu, um homem sobe ao topo de uma árvore e tenta metamorfosear-se nela, não se sabe se por ingenuidade, iluminação mística ou desejo de morte. A natureza resiste – ao episódio e à espécie humana.


Salomé Lamas
é uma realizadora portuguesa de cinema que trabalha no limite das artes visuais. Estudou cinema em Lisboa e Praga, e artes visuais em Amsterdã e Coimbra. Seus filmes, como Terra de ninguém (2012) e Coup de Grâce (2017), são marcados pelo desejo de desafiar as narrativas hegemônicas, e foram vistos em festivais e museus na Europa e na América.

JOSÉ CARLOS TEIXEIRA
42.2ºN, 81.2ºW, 2019
Vídeo, 13’53”
Em colaboração com Sarah FitzSimons

O artista conversa com Sarah FitzSimons sobre a particularidade de crescer e viver perto de grandes massas de água. As palavras se fundem à imagem do Lake Erie, na região dos Grandes Lagos, entre Estados Unidos e Canadá, localizado nas coordenadas do título. Uma meditação sobre lugar, memória, identidade, pertença e nossa relação com o mundo natural. Carregada de significado emocional, intelectual e psicológico, a água é, aqui, tanto realidade física essencial quanto metáfora do inconsciente.


José Carlos Teixeira é um artista visual, cineasta e pesquisador português. Sua prática situa-se entre o cinema e a antropologia. Usa dispositivos performáticos ou colaborativos para explorar questões de identidade, limites, exílio e deslocamento em vídeo-ensaios, documentários e instalações. Expôs no Centro de Arte Hélio Oiticica (RJ) e na Fundação Gulbenkian (Lisboa).

WELKET BUNGUÉ
INDIGINATU, 2021

Vídeo, 8’29”

Nessa meditação imersiva, imagina-se um mundo futuro que, liberto da humanidade e de seu legado – guerra, escravidão, língua, imperialismo, fome –, se reequilibra e segue em frente. O artista pergunta: quando o homem deixou de ser natureza?


Welket Bungué é ator, diretor e artista transdisciplinar de etnia balanta, nascido na Guiné-Bissau. Trabalha com texto, cinema, performance e teatro. Realizou os curtas Mudança (2021), Eu não sou Pilatus (2019) e Arriaga (2019), exibidos em festivais como Berlinale, Africlap (França) e DocLisboa.  Trabalha no ensaio auto-biográfico Corpo periférico.

YURI FIRMEZA
Nada É, 2014
Vídeo, 33’06”

A vila de Alcântara foi a primeira capital do Maranhão, abrigou barões da cana-de-açúcar e do algodão no século 18, e caiu no ostracismo absoluto até tornar-se centro de lançamento de foguetes da Força Aérea Brasileira em 1990. O filme explora restos e representações de projetos nacionais de diferentes épocas, combinando fantasias de um passado de opulência e de um futuro interespacial a um presente de ruínas.


Yuri Firmeza é um artista brasileiro. Explorando o limite entre ficção, real e possível, seus vídeos e performances questionam as relações de poder no circuito da arte e na sociedade. Formado em artes visuais e mestre em poéticas visuais, é doutorando em arte multimídia na Universidade de Lisboa. Participou da 31ª Bienal de São Paulo e da 11ª Bienal do Mercosul.

JOÃO CRISTÓVÃO LEITÃO
aleph, 2019

Vídeo, 13’35”

A obra parte da hipótese inverossímil de que seria possível conhecer a incomensurabilidade e a infinitude da realidade. Alguns paradoxos espaço-temporais do universo literário e filosófico de Jorge Luís Borges são transpostos e reinventados em uma narrativa sonora na qual relatos oníricos se (con)fundem: sonhos dos quais não se consegue acordar, paredes que são portais, montanhas que são céus, instantes que contêm todos os instantes, espelhos pelos quais é possível entrar e sair.


João Cristóvão Leitão
é um artista português. Formado em teatro e mestre em arte e curadoria, suas instalações e projetos de videoarte investigam questões relacionadas ao cinema expandido e temas do universo literário e filosófico do escritor argentino Jorge Luis Borges. Expôs em diversos países e foi premiado em festivais europeus como Videoformes e FUSO.

LEALVEILEBY
Panacea’s Tongue, 2021
Vídeo, 20’23”

A voz de uma inteligência artificial que reencarna Panaceia, a deusa da cura universal da mitologia grega, nos fala dos avanços e das limitações da civilização humana, e de um potencial futuro no qual um material feito exclusivamente de luz abre possibilidades inimagináveis, com implicações imprevistas. Uma montagem visual na qual ciência e ficção estão em conflito, mas inseparavelmente emaranhadas à narrativa humana.


LealVeileby é uma dupla luso-sueca formada pelos artistas António Leal e Jesper Veileby. Com uma prática que entrelaça narrativa, vida cotidiana e especulação científica, usam vídeo, instalação, objetos, texto, projetos online e arte sonora para investigar a percepção da realidade pela ótica da ciência, da magia e da linguagem. Participam de mostras e festivais na Europa.

FUSO – FESTIVAL INTERNACIONAL DE VIDEOARTE DE LISBOA

Criado em 2009, o FUSO é o único festival com programação contínua de videoarte nacional e internacional em Lisboa. Confrontando linguagens canônicas às mais contemporâneas, mostra obras em vídeo que atravessam as artes plásticas, a performance, o cinema, a literatura e os meios digitais, propondo uma nova abertura à imagem em movimento do século 21.

A excelência da programação é um compromisso do FUSO. As obras são selecionadas por curadores nacionais e internacionais, que desenham programas exclusivos para o festival. Seu conhecimento e sua experiência garantem a consistência e a qualidade do conteúdo, com obras de artistas reconhecidos internacionalmente e outros ainda desconhecidos do público local.

O FUSO também homenageia anualmente artistas históricos de importância fundamental na videoarte. Durante o festival, curadores e artistas convivem e estabelecem inúmeras parcerias, gerando uma rede de conexões e colaborações.

Uma das principais vertentes do FUSO é promover a nova criação nacional. A competição anual Open Call, aberta a artistas portugueses e estrangeiros que vivem em Portugal, busca identificar, difundir e incentivar a nova produção lusófona, concedendo o Prêmio Aquisição Fundação EDP/MAAT e o Prêmio Incentivo AR.CO, uma bolsa de estudos no departamento de Cinema/Imagem e Movimento da escola.

O FUSO circula por diversas cidades de Portugal e de outros países, com apresentações adaptadas para salas de cinema ou de projeção. Assim, cumpre sua missão de fomentar o desenvolvimento da arte nacional, contribui para a diversidade cultural e divulga artistas portugueses dentro e fora do país.

No Arquipélago dos Açores acontece o FUSO INSULAR, com sessões curatoriais e um laboratório criativo de imagem em movimento para artistas locais. A Mostra de Videoarte dos Açores é uma plataforma para a apresentação dos vídeos criados no programa de residência, e de obras históricas e contemporâneas de artistas nacionais e internacionais.

Ao estimular o pensamento crítico em torno dos novos meios e promover a difusão da arte vídeo no panorama português, o FUSO contribui de forma significativa para a dinâmica da arte contemporânea nacional.

 

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